sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sesc Santo Amaro e Pré-Mundial

Numa postagem anterior, passei minha agenda de eventos para janeiro. Também já comentei meu desempenho em meu torneio de xadrez. Agora é a vez de comentar os de cubo mágico. Antes de fazê-lo, reproduzo de meu perfil no Facebook a figura abaixo, com metas bem mais detalhadas que as daqui do blog (vale lembrar que então ainda nem sabia da existência do primeiro evento).


No Sesc Santo Amaro, em 17 e 18/1, participei do 2x2x2, do 3x3x3 e do 3x3x3 com uma mão apenas (OH). No 2x2x2 marquei uma média de 15".67 com o melhor tempo de 10".99, ou seja melhorei minha média mas não consegui melhor meu melhor tempo individual (de 8".56, conseguido no Joana D'Arc 2014). No OH (one-handed), tive uma média 1'21".75, com melhor tempo de 1'06".24, ou seja melhorei ambas marcas. No 3x3x3 minha média foi de 43".33 com melhor tempo de 36".78, também melhorando ambas marcas. Além disso, pela primeira vez avancei de fase numa competição. Na segunda rodada do 3x3x3 minha média foi 43".95 com melhor tempo de 38".13.
Já no Pré-Mundial, realizado no Colégio Etapa de 23 a 25/1, participei das mesmas categorias do Santo Amaro e mais do Rubik's clock e do 3x3x3 em menos movimentos (FM). No 2x2x2, média 15".42 com melhor de 12".36, com novo porém pequeno avanço na média e novamente sem conseguir igualar meu melhor tempo. No OH, 1'06".20 e 52".81 (meu primeiro sub 1' na modalidade), novamente melhorando ambas as marcas. No 3x3x3, 45".75 e 36".04, melhorando minha marca individual mas com uma média que só foi melhor que a do meu primeiro evento de cubo mágico (o Mogi Open 2014 em agosto passado). Esta média relativamente ruim, no entanto, deveu-se principalmente ao resultado bisonho de 2'34".11 em minha quinta resolução.No clock, 42".66 e 36".94 (foi minha estreia na modalidade). Em nenhuma destas categorias consegui avançar de fase (o número de participantes foi bem maior que no evento anterior e o nível médio melhor também).
Sobre o FM (fewest moves), outra categoria em que estreei, seu funcionamento é bem diferente das demais em que participei. Estas são todas de velocidade (speed solves) em que cada participante tem cinco resoluções, e a classificação é feita pela média de três delas (a melhor e a pior são descartdas). No FM são três resoluções. Em cada uma delas, o participante tem exatamente uma hora para criar e anotar sua sequência de movimentos num gabarito oficial. A classificação final é feita pela média das três resoluções. Além disso, é uma competição em fase única, ou seja, todos os participantes estão na final (o que fez desta minha primeira final). Meu método para resolver o cubo é um pré-Fridrich (cruz, F2L, cruz, OLL, PLL - ou seja, não conheço ainda os casos de OLL sem a cruz pronta). Fridrich é, provavelmente, o melhor método para speed solve. Mas para FM está longe de ser o mais adequado, sobretudo com a perda extra de movimentos para montar a cruz antes de aplicar o OLL. Existe uma técnica para atenuar este problema, chamada edge control, mas não tinha ouvido falar nela até depois de minha participação no Pré-Mundial.  Aos resultados... Na primeira rodada, consegui uma solução em 51 movimentos. Na segunda, graças a um OLL skip (esta etapa já caiu pronta ao terminar o F2L), consegui uma solução em 44 movimentos. Na terceira, quase estouro o limite de tempo e fico sem pontuação, mas ao apagar das luzes consegui uma solução em 55 movimentos. Com isso, terminei com uma média de 50 movimentos, na décima-segunda colocação. Numa nota pessoal, essa é a categoria do cubo mágico que mais guarda relação com o xadrez, e mais especificamente com o solucionismo. O campeão da categoria (e detentor do recorde sul-americano - para a média - da modalidade) foi Diego Bojunga Menegheti, sócio do Metrópole Xadrez Clube.
Assim, cumpri quase todas minhas metas. Faltou apenas a do 3x3x3, que poderia muito bem ter vindo se não tivesse errado em minhas quarta e quinta (nessa duas vezes!) resoluções. Para meus próximos eventos (ainda não sei quais serão), mantenho portanto a meta de abaixar dos 40" no 3x3x3 e estabeleço as metas de sub 15" para o 2x2x2, sub 1' para o OH, sub 40" para o clock e de 48 movimentos para o FM. São relativamente modestas mas críveis.
Uma coisa que foi bastante legal nos eventos foi encontrar diversos enxadristas, de níveis variados, alguns já conhecidos mas a maioria que só conheci agora.

Enlace 4

Para quem já sabe resolver o cubo (por qualquer que seja o método, mesmo camadas) e se interessar pelo fewest moves, recomendo a menas.com.br, do Menegheti. Provavelmente o melhor é começar pela parte de tutoriais com os vídeos do Allyson Dias de Lima.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Rafael Leitão heptacampeão brasileiro

Acabou neste domingo (25) o 81º Campeonato Brasileiro Individual Absoluto de Xadrez. A prova foi disputada no sistema todos contra todos em João Pessoa desde o dia 17. Esta foi a terceira vez que a capital paraibana sedia a prova (já o havia feito em 1976 e na 80ª edição em 2013).
O grande mestre Rafael Duailibi Leitão, do Maranhão, sagrou-se campeão da prova, com 9½ pontos conquistados nas onze rodadas disputadas (campanha invicta com +8=3). Este foi o décimo-quinto Brasileiro que Leitão disputou e seu sétimo título. Com isso ele se iguala a João de Souza Mendes, Jaime Sunyé Neto e Giovanni Portilho Vescovi como recordistas de títulos nacionais (Walter Oswaldo Cruz e Gilberto Milos Júnior conquistaram seis títulos cada). Além do título e consequente premiação, Rafael colheu quatro pontos de rating. Os destaques de sua campanha ficam para as vitórias sobre o grande mestre Felipe de Cresce El Debs e sobre o mestre Fide Matheus Nakajo de Mendonça.
El Debs terminou na segunda colocação, a meio ponto do campeão (+8=2-1). O destaque de sua campanha foi a vitória sobre o também grande mestre Krikor Sevag Mekhitarian logo na rodada inaugural. Este foi o quinto Brasileiro de Felipe e sua melhor colocação (ele é o único gm brasileiro a nunca ter sido campeão nacional).
Mekhitarian, teve um mau começo, perdendo as duas primeiras rodadas (a segunda para o mestre internacional Máximo Iack Macedo), mas se recuperou ao longo da prova, terminando na terceira colocação com 7½ (+6=3-2). Este foi o décimo Brasileiro de Sevag, fazendo dele o 32º jogador a completar dez participações.
Mendonça, com 7 (+5=4-2), foi o quarto. O desempenho lhe valeu a conquista de sua segunda norma de MI, com destaque para a vitória no confronto direto da última rodada com o mestre Fide Edgar Rodrigues que também lutava pela norma. Este foi o segundo Brasileiro de Nakajo (no primeiro, na 79ª edição da prova, terminou em terceiro e também conquistou norma de MI).
Rodrigues, com 6 (+4=4-3) ficou em quinto, ficando a um ponto da norma de MI. Uma bela estreia para Edgar!
O mestre Fide César Hidemitsu Umetsubo foi o sexto, com 5½ (+3=5-3), em seu segundo Brasileiro consecutivo. Em sua estreia havia terminado na terceira colocação.
Três jogadores dividiram a sétima colocação com cinco pontos: o mestre Fide Francisco de Assis Cavalcanti (+2=6-3), o mestre internacional Máximo Iack Macedo (+3=4-4) e o mestre Fide Paulo Fernando Jatobá de Oliveira Reis, listados pela ordem do desempate. Cavalcanti é um veterano de oito participações. Iack completou sua quinta Final, a terceira seguida. Reis, vencedor da Semifinal Norte/Nordeste, também fez sua quinta participação. Além de lutar contra a maldição da semifinal (tradicionalmente o vencedor da semifinal tem um mau desempenho na final), Jatobá ainda teve que lidar com o extravio de sua bagagem no percurso entre Salvador e João Pessoa! Vale registrar que o vencedor da outra semifinal (que engloba as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste), o grande mestre Everaldo Matsuura abriu mão de sua vaga devido ao conflito de datas entre o Brasileiro e o Festival de Florianópolis, em que Everaldo já tinha confirmado participação antes do Brasileiro ser remarcado.
O mestre Fide local, Luismar Jorge Brito, terminou na décima colocação com 3½ (+1=5-5). Foi apenas seu quinto Brasileiro (terceiro consecutivo). Brito certamente poderia ter participado de muito mais não tivesse residido tantos anos fora do Brasil.
Na décima-primeira colocação terminou o mestre Fide potiguar Roberto Luiz Costa Andrade, outro veterano jogador que, no entanto, surpreendentemente fazia sua estreia na prova. Andrade conquistou três pontos (+1=4-6).
O estreante baiano Mario Henrique Andrade Fiaes completou a tabela com onze derrota e nenhum ponto. Nas 1329 participações da história do Brasileiro, esta foi apenas a 12ª vez que um jogador perde todas as suas partidas. A última vez havia sido no Brasileiro de São José do Rio Preto, em 2005, disputado pelo sistema suíço, com Toshinobu Tasoko. Toshi é um forte amador que viveu sua melhor fase enxadrística na primeira metade da década que inaugurou este milênio. Em Itabirito, 1998, disputado pelo sistema de matches eliminatórios, Gerson Peres Batista e Vinicius de Abreu Marques perderam as duas partidas de seus respectivos matches. Em Bebedouro, 1991, disputado pelo mesmo sistema de Itabirito, foi a vez de Wagner Martins Madeira e Eduardo Arruda Cunha perderem as duas partidas de seus matches. Em João Pessoa, 1976, disputado pelo sistema suíço, Gerardo Frota Jr, perdeu nas duas primeiras rodadas, ficou bye na terceira e então abandonou a prova. Em Fortaleza, 1960, num sistema Schurig inicialmente com 16 jogadores, o capixaba Creso Euclides abandonou a prova após perder seis partidas não completando o mínimo de 50% de participação para que suas partidas fossem computadas na classificação final. No Rio de Janeiro, 1956, João de Souza Mendes, defendendo o título, abandonou a prova após perder na primeira rodada. Na mesma cidade, em 1950, Mário Bawden abandonou após perder na primeira rodada, enquanto o local Ary Camargo Silveira perdeu todas as suas onze partidas (em realidade ele teria treze neste torneio mas Bawden e Trompowsky abandonaram antes da rodada em que enfrentariam Silveira). Já em Nova Friburgo, 1945, pelo mesmo sistema mas com apenas sete participantes, Paulo Duarte Fo perdeu todas as suas seis partidas. Considerando os diferentes sistemas de disputa e a quantidade de participantes, o desempenho de Fiaes neste ano é comparável apenas ao de Silveira em 1950!
A arbitragem esteve a cargo do árbitro Fide Máximo Igor Macedo.
O nível técnico da prova foi bom apesar da clara diferença entre os GMs e os demais participantes. Iack , o único MI, ficou abaixo do esperado. Talvez a presença de mais um GM e consequente chance de norma lhe desse a motivação extra necessária para melhorar seu desempenho. Nakajo mais uma vez mostrou seu grande talento e pode ainda vir a progredir muito, especialmente se decidir dedicar-se exclusivamente ao xadrez. Hoje, sua prioridade é o curso de Engenharia na Escola Politécnica da USP. Edgar teve uma boa estreia e é outro que tem muito a progredir com a experiência. Umetsubo não conseguiu repetir o desempenho do Brasileiro anterior mas tem tudo para se tornar um habitué. Jatobá provavelmente é hoje o jogador mais forte da Bahia e o mais forte candidato a MI do nordeste. Poderia ter se saído melhor. Qualquer um do trio de veteranos Cavalcanti, Brito e Andrade é um digno participante mas o fato dos três terem se classificado no mesmo ano (Cavalcanti foi convidado pela organização) é um sinal de quão pouco valorizado o Brasileiro está. Sobre Fiaes, o paragráfo anterior basta para a análise de seu desempenho. Vale, no entanto, ressaltar que ele se classificou em total acordo com as regras atuais.
Para melhorar o nível técnico há diversas ações que poderiam ser tomadas. Tornar o torneio mais atrativo é a principal delas. Atualmente a maioria dos GMs brasileiros sequer tenta classificar-se para a prova. Há duas maneiras de tornar o torneio mais atrativo: aumentando sua premiação e fazendo dele classificatório para eventos ainda mais importantes. Neste último aspecto, o fato do Zonal 2.4 agora ser aberto é uma pena. Também seria desejável que o Brasileiro fosse um dos critérios (mas não o único!) para formar a equipe olímpica. O sistema de classificação também poderia ser melhorado. Desde Guarulhos, 2005 o Brasileiro vem sido disputado no sistema todos contra todos com 12 participantes. Até Americana, 2009, havia uma semifinal classificatória. A partir da edição seguinte, em 2010 na mesma cidade, passou-se a um sistema de duas semifinais (divididas entre as regiões 1 - sul, sudeste e centro-oeste, e 2 - norte e nordeste). Nas edições com uma semifinal pouco menos de 7% de estreantes por edição (em média). Nas com duas, uma média de 18% de estreantes por edição com um pico de 4 em Montenegro, 2013. Nesta edição um quarto dos participantes chegaram ao Brasileiro pela primeira vez. Talvez nem seja necessário voltar a ter uma semifinal apenas, mas maior transparência no sistema de substituição e voltar a realizar a substituição exclusivamente na semifinal de origem da vaga seria um progresso. Outro aspecto da semifinal a levar-se em conta é o número de rodadas: sendo apenas sete, aumenta enormemente o grau de aleatoriedade da classificação final.
Quanto à organização e demais condições do torneio (local, hotel, etc), não posso dar uma opinião direta mas a julgar pelos post dos participantes no Facebook, tudo correu bem. A decisão da CBX de repetir o local da última edição nos leva a crer que, no geral, as condições devem ter sido acima da média. A transmissão via internet foi elogiável (é sempre bom ver o insight dum grande mestre do nível de Darcy Lima), mas deixou a desejar quanto à possibilidade de escolher uma partida para acompanhar em tempo real. Do ponto de vista da CBX, deixou a desejar a mudança da data (anteriormente estava previsto para dezembro passado) e o consequente conflito com o Festival de Florianópolis e com o Aberto do Brasil do Rio de Janeiro.
Os resultados completos e as partidas do evento podem ser conferidos no chess results.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Arbivara Blitzkrieg 2015

Como em outras ocasiões, hoje comemorei meu aniversário com um torneio de xadrez relâmpago. Como nas outras vezes o torneio foi realizado no Alfonso Bar Vero, o popular Bar do Sonny, localizado na Av. Prof. Alfonso Bovero, 538 (o bar vale à pena mesmo nos dias que não tem xadrez por lá - recomendo fortemente a porção de linguiça apimentada). Este ano no entanto, introduzi uma modificação nas regras: adicionei o desafio de resolver o cubo mágico dando direito a pontuação extra no torneio de xadrez. Quem resolvesse o cubo em menos de 30" receberia 2 pontos extras para o xadrez. Em menos de 1', 1½ ponto. Em menos de 2', 1. Resolver o cubo em tempo superior a 2', ½ ponto extra. Infelizmente a presença este ano não foi tão boa (apenas 7 participantes). Veja abaixo como ficou a classificação final do torneio (para o cubo DNS significa que a pessoa nem tentou resolvê-lo e DNF que tentou mas não conseguiu).

ClNomeCuboPE1234567Pts
Dirk Dagobert
DNS
0
X
1
1
1
1
1
1
6
Mauro Amaral
DNS
0
0
X
1
1
1
1
1
5
Felipe Herman
DNS
0
0
0
X
1
1
1
1
4
Vivian Heinrichs
OK
½
0
0
0
X
½
1
1
3
Guilherme Cirilo
DNF
0
0
0
0
½
X
1
1
Renan Valerio
55'.17
0
0
0
0
0
X
0
Marius Rombout
DNS
0
0
0
0
0
0
1
X
1

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

XIX IRT da Hebraica

Ainda vou rever minhas partidas deste evento com mais calma, mas seguem abaixo minhas impressões iniciais (fortmemente influenciadas pelas de meus oponentes). Todas as partidas do evento estão disponíveis aqui.
Na 1ª rodada enfrentei Eduardo da Costa Marra, 30, 2208 de rating (430 pontos a mais que eu), fazendo dele um jogador duas categorias acima da minha (uma categoria, ou mais propriamente, classe de rating, equivale a 200 pontos). Pelo sistema estatístico utilizado no xadrez, isto dava a ele uma esperança de pontuar de 0,93 contra uma esperança de 0,07 parta mim (cada partida no xadrez vale um ponto e o empate é um resultado possível e relativamente comum). A partida foi boa, com poucos erros. Na abertura joguei um plano pouco usual com 7. ... Ce4 e 8. ... Cb4 (eu estava de pretas) mas que pelo menos desta vez funcionou bem. O momento crítico foi por volta do 12º lance (aqui a análise é de meu adversário). Com 12. ... Td8 penduro um peão. Com 13. Cd2 ele deixa de aproveitar da melhor forma e tivesse eu jogado 13. ... Cxd2 teria igualado a posição. Daí em diante ele foi lentamente aumentando sua vantagem e ao final seu favoritismo prevalesceu. Esta foi, de longe, a partida em que mais gastei meu tempo (terminei com 4' restantes).
Na 2ª, tive brancas contra Luca Oshiro Camargo, 12, 1520 (258 a menos que eu). A expectativa era de 0,82 a 0,18 a meu favor. No entanto, jogadores desta idade, frequentemente estão em processo de rápida ascensão (me parece ser o caso de meu adversário) e seu rating dificilmente reflete sua força de jogo. Ele se mostrou muito melhor preparado que eu para a abertura e conseguiu boa vantagem. Desta vez porém ele gastou mais tempo que eu e seu apuro de tempo aliado à sua inexperiência o levou a errar com 43. ... Txb3, o que me permitiu o duplo 44. Cd4, ganhando a torre e transformando uma derrota certa em vitória.
Na 3ª, pretas contra Arthur Nader Luz, 17, 2041 (263 a mais que eu). Mais uma vez expectativa de 0,82 a 0,18, só que desta vez a favor de meu adversário! Apesar de ter perdido, estou novamente contente com minha partida. Segundo Arthur meu grande erro foi 16. ... Dc5, que lhe permitiu 17. De4 com ataque mortal. Foi um prazer observar como ele impôs seu estilo agressivo às complicações que tentei criar.
Da 4ª não pude participar por compromisso familiar (festa de aniversário dos sobrinhos), então pedi para não ser emparceirado.
Na 5ª, brancas contra meu vizinho de bairro (neste dia fomos ao local no mesmo ônibus), Homero Brujin, 56, 1507 (271 a menos que eu, expectativas de 0,83 a 0,17 a meu favor). Confesso que esperava outra defesa dele, ao invés da Pirc empregada. Joguei com um avanço precoce (talvez até precipitado) de f4, buscando uma linha em que cada jogador atacaria em uma das alas. Para meu plano funcionar, provavelmente eu deveria ter tentado uma ruptura em e5 ou f5, mas ainda não sei precisar o momento ideal para tanto. Da forma com que joguei logo percebi que o ataque dele na ala da dama seria muito mais rápido que o meu na ala do rei e optei por também rocar pequeno, demonstrando o total fracasso de minha ideia original. Apesar desta desvantagem inicial, minha situação melhorou muito quando meu cavalo acessou a casa e6 no lance 27. As trocas que se seguiram conduziram a posição a um final em que tenho clara vantagem e que converti em vitória em poucos lances.
Na 6ª e última rodada, repeti brancas contra Rauanda Schultz, 20, 1540 (238 a menos que eu, expectativas de 0,80 a 0,20). Este é um confronto repetido de meu torneio anterior (disputado em dezembro último no Clube de Xadrez São Paulo) mas com as cores invertidas. Naquela ocasião ela errou cedo e ganhei com facilidade. Desta vez eu esperava uma partida bem mais difícil. Tendo acertado que ela usaria a defesa Caro-Kann, resolvi empregar um ideia mostrada pelo meu tio, um especialista, com 3. f3!?. Com a manobra 11. c4, 12. Db3, 13. Dg3 iniciei o ataque ao seu rei. 14. Bh6?, no entanto, foi uma perda de tempo, teria sido melho o bispo ir direto a e3 ou a f4. Montei meu ataque com paciência e minha adversária mostou-se tenaz na defesa. Mas esta defesa custou-lhe longos períodos de reflexão e quando seu tempo já se escasseava, iniciei as simplificações e sacrifiquei uma qualidade para entrar num final ganho que rapidamente converti em ponto.
Resumo da ópera: três boas partidas (rodadas 1, 3 e 6), uma mais ou menos (5) e uma ruim (2). Ganho de 5,8 pontos de rating (preciso jogar muitos torneios ou melhor consistentemente meu desempenho se desejar cumprir a meta de voltar aos 1850). Claramente houve uma boa evolução em meu nível de jogo com relação aos torneios anteriores (o já citado de dezembro e um ainda pior em novembro). Mas é necessário estudar bastante e melhorar (construir provavelmente é mais exato) o repertório de aberturas para seguir progredindo. Uma pena a grande diferença de ratings em relação a todos os adversários, teria sido bom enfrentar ao menos um ou dois jogadores na mesma classe de rating.
Meu irmão Felipe teve um torneio muito parecido com o meu, com adversários de forças similares e exatamente a mesma evolução na tabela, ganhando 3 pontos de rating. O destaque de seu torneio fica para os confrontos contra os irmãos Igor e Mariana Cadilhac. Meu tio também teve um torneio razoável, ganhando 3,5 pontos de rating.
O torneio terminou em quadrúplo empate com Adriano Caldeira, Armen Proudian, Bernardo Sztokbant e Igor Cadilhac (listados pela ordem de desempate) somando cinco pontos nas seis rodadas disputadas. Clique aqui para visualizar a tabela completa. A organização esteve muito boa e não é de espantar que o evento já esteja em sua 19ª edição.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Mafalda e Xadrez

Ontem foi dia de ver a exposição "O Mundo Segundo Mafalda" (mais sobre a mesma aqui) na Praça das Artes. A mostra vai até o dia 28 de fevereiro e é de graça, confiram que vale à pena! Entre as tiras exibidas deparei-me logo com a seguinte:

Tira da Mafalda jogando xadrez com Felipe e seu criativo relógio

Segue também uma versão mais legível:

Tira da Mafalda jogando xadrez com Felipe e seu criativo relógio

Raquel (mãe): "Mafalda, você pegou a fita métrica?"
Mafalda: "Droga! Agora que nos acostumamos a jogar com relógio, temos que desmontá-lo!"
Felipe: "Pena!"
(A tradução, livre, é minha)

Entre os itens exibidos há ainda um reconstrução do relógio de xadrez inventado por Mafalda:

Reconstrução do relógio de xadrez criado por Mafalda

Existem muitas tiras da Mafalda que têm o xadrez como tema, com menções a jogadores como Fischer e Najdorf. A coleção delas pode ser encontrada na rede (por exemplo, aqui). Uma versão para Kindle (e em espanhol) do livro "Mafalda y el ajedrez" pode ser comprado via Amazon. Estranhamente, apesar da popularidade da personagem e sua estreita relação com o jogo-ciência, quase não encontrei material explorando esta ligação. O único, em italiano, foi este.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Dia de Reis

Hoje é o Dia de Reis (sim eu sei que estou pervertendo o significado da expressão), então aproveito para deixar vocês com a imagem abaixo e indicar que todos acompanhem o Tata Steel Chess Tournament, que acontece na Holanda de 9 a 25 de janeiro.


Enlace 3

Para quem quer conhecer um pouco mais de matemática, uma dica legal é o famoso Curso Prandiano. Ele tem também página no Facebook e perfil no Twitter.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Agenda de janeiro

Este mês participo de três competições, uma de xadrez, duas de cubo mágico.
De 8 a 11 jogo o XIX IRT da Hebraica, torneio de xadrez. Pretendo participar de pelo menos cinco torneios de xadrez clássico (i.e., com longo tempo de reflexão) e voltar aos 1850 pontos na lista de rating Fide.
Dias 17 e 18 participo do Sesc Santo Amaro 2015. De 23 a 25 do Pré-Mundial. Ambas competições de cubo mágico. Não sei de quantas participarei neste ano mas serão tantas quanto eu possa. No mínimo, participarei ainda do Mundial, a ser realizado pela primeira vez no Brasil. Meus objetivos para o ano são: melhorar meus tempos (é óbvio), evitar DNFs, terminar de aprender Fridrich (faltam 50 casos de OLL) e conseguir resolver vendado até o fim do ano.

Enlace 2

Para quem quer aprender mais sobre cubo mágico indico a página de Renan Cerpe, Cubo Velocidade. É minha referência primária (mas não a única, com o tempo vou indicando outros) no assunto e dele também que comprei a grande maioria de meus cubos.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Apresentação final e mais

Sobre literatura: livros também fazem parte de minha vida desde sempre. Na escola, volta e meia tinham que fazer uma nova ficha para mim na biblioteca porque a minha já estava cheia. Durante quase dois anos trabalhei como livreiro.

Sobre esportes: além do xadrez, na juventude pratiquei bastante futebol (é claro) e handebol. Hoje, mais assisto que pratico. Além do futebol (torço para o SPFC), gosto de assistir tênis, basquete, vôlei (mas só se o jogo estiver equilibrado), ciclismo e golfe.

Sobre outros jogos: gosto de shogi, quatroemlinha e outros jogos da família do jogo da velha, breakthrough, EinStein würfelt nicht! e muitos outros.

Isso conclui minha breve apresentação!

Rating da Fide janeiro 2015


Na atual lista de rating (pontuação para medir a força dum jogador de xadrez, usada para formar o ranking internacional) da Fide (Federação Internacional de Xadrez - a sigla está em francês), quatro jogadores mantêm-se acima dos 2800. São eles: Carlsen 2862, Caruana 2820, Grischuk 2810 e Topalov 2800. Anand e Aronian, ambos a três pontos de voltar aos 2800, dividem a quinta colocação do ranking. Nas Américas, os top 10 Nakamura 2776 e So 2762, ambos estadunidenses, lideram. Na América latina, as duas primeiras posições ficam com os cubanos Domínguez 2726 e Bruzón 2685. Nenhum sulamericano integra os top 100. O chinês Wei 2675, nascido em 1999, é o mais jovem top 100 e Short 2660, 1965, o mais velho.
No feminino, apesar de sua recém anunciada aposentadoria, Polgar, com 2675, segue aparecendo à frente da lista pois ainda não atingiu a inatividade (de acordo com os regulamentos da Fide). Hou a apenas dois pontos pode passar ao topo antes mesmo de Judit atingir a inatividade. Elas são as únicas mulheres no top 100 absoluto. Zatonskih 2475, dos EUA, é a melhor das Américas. A peruana Cori 2425 é a única latino americana no top 100 feminino. A cazaque Abdumalik 2369, nascida em 2000 é a mais jovem na lista e Cramling 2518, 1963, da Suécia, a mais velha.
Entre os juvenis, o húngaro Rapport lidera com 2716. O peruano Cori, 2603, está na décima posição geral e lidera as Américas. Shumyatsky, com 2434, aparece na 88ª posição, e é o único brasileiro num top 100 pensado. No juvenil feminino Goryachkina lidera com 2451. Destaque para a Colômbia, que aparece com três jogadoras entre as top 100: Rodríguez Rueda (2371, 9ª colocação no geral e melhor das Américas), Castrillón Gómez (2167) e Salazar (2138).
Entre os países, tomada como base a média do top 10 de cada um, a Rússia lidera no absoluto com 2744, seguida por China (2697) e Ucrânia (2686). Os Estados Unidos, 2668, estão na quarta posição e lideram as Américas. Cuba, 2589, é o 18º no geral e lidera a América latina. A Argentina, 2538 e 30º no geral, lidera os sulamericanos. O Brasil com 2524 ocupa a 32ª posição. No feminino, a liderança é da China com 2496, seguida por Rússia (2487) e Georgia (2439). Novamente os EUA lideram o continente com 2328 e décima posição geral e Cuba a América latina (2278 e 18ª). A Colômbia lidera os sulamericanos com 2196 e 27ª. O Brasil, com 2057 ocupa a 49ª colocação. Além da Colômbia, Argentina (2158, 36ª) e Peru (2065, 48ª) estão à nossa frente.
Entre os brasileiros, Leitão lidera com 2636 e Fier é o segundo após voltar a passar a barreira dos 2600. Com 2604, Fier, 21 partidas computadas, é o mais ativo dos top 10 brasileiros. Além dele, apenas Matsuura, 2505, seis partidas, teve movimentação no período. No feminino, Feliciano (2290) segue à frente.
No xadrez rápido, Caruana aparece um ponto à frente de Carlsen, com 2856. Nessa modalidade o brasileiro Supi aparece na 42ª colocação entre os juvenis, com 2430. No relâmpago, destaque para os estratosféricos 2948 de Carlsen, para a modesta 69ª colocação de Caruana (2679) e para a Colômbia que tem nada menos que sete jogadoras entre as 100 melhores juvenis da modalidade.

Enlace


Recomendo a página Xadrez Total, do árbitro internacional Mauro Amaral, com partidas comentadas, outros artigos e os eventos por ele organizados.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Apresentação - 2a parte

Sobre matemática: desde sempre gostei de aprender a matéria e também de resolver problemas e enigmas. Fui estimulado a isso de diversas maneiras. As três principais foram a família, meus professores e os livros. Família: é bom esclarecer que o estímulo familiar não incluía nenhum componente de pressão. Professores: todos meus mestres da matéria durante o primário foram importantes mas merece destaque a Profa. Maria Odete, durante a 7ª e 8ª série no Pueri Domus. Nesse período (ginásio) uma das minhas diversões prediletas era consultar na biblioteca da escola livros de outros anos e aprender com eles coisas como PA, PG, equações de segundo grau, que só veria na escola um pouco mais à frente. Uma pena que não topei com cálculo diferencial, algebra linear ou topologia nesse período. Livros: me lembro com muito carinho de um sobre formas e medidas (mas infelizmente não lembro o título exato ou autor) que li lá pelos 7  ou 8 anos. Também merece destaque "O Homem que Calculava", de Malba Tahan.

Sobre física: só fui conhecer física no colegial. Então me apaixonei. Tanto que foi minha escolha quando prestei o vestibular. Mas, em grande parte por já trabalhar com xadrez, acabei nunca me formando (estive  também matriculado nos cursos de letras e ciências moleculares - sempre na USP e sem jamais concluir um). Mas voltarei novamente à física no futuro.

Encerro meu texto de hoje deixando um problema de matemática para os aventureiros. Trata-se de um sistema de equações lineares. Encontre o valor de cada uma das incógnitas e o produto de todas elas:

  e + f +  i +  l +   z =   57/2
  e - f +  i -  l -   z =   15/2
-2e + f + 4i + 3l -  5z = -161/2
-2e + f - 5i + 3l +  7z =   61/2
 2e + f + 8i + 4l + 16z =    9  

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Apresentação

Olá!

Sou Marius Rombout Ferreira van Riemsdijk. Neste espaço pretendo falar de minhas paixões. As duas principais ficam evidentes no título: o jogo de xadrez e o cubo mágico! Mas elas também incluem matemática, física, literatura, outros jogos, esportes, etc.

Sobre xadrez: jogo desde sempre, incentivado por meu pai, Herman Claudius. Hoje sou jogador registrado no ranking internacional, árbitro internacional e professor.

Sobre o cubo mágico: novamente, meu primeiro contato foi através de meu pai, que o montava na década de 80, pelo método de camadas. Na época ele me mostrou o método de camadas sem, no entanto, ensinar as manobras. Consegui ir até a segunda camada e desisti. Anos depois (quando tinha uns 20) comprei um numa loja de 1,99 e, depois de três dias, finalmente consegui descobrir como montá-lo. Logo porém o cubo desmantelou-se em minhas mãos e acabei não comprando outro. Mais outros tantos anos depois, arbitrando uma competição de xadrez, meu companheiro de arbitragem, José Salles, estava com um cubo. Foi o que bastou para eu ser novamente fisgado. Venho praticando desde então e, no ano passado, tornei-me competidor registrado no ranking internacional.